quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Empregados Lentos!

Desengane-se quem pensa que empregados lentos são característica de um país, ou região. Eles estão em todo o lado. Em todas as empresas. Em todas as áreas! A minha viagem por terras de sua majestade foi disso óptimo exemplo.

Ora, numa loja bem conhecida por estas bandas, um rapaz, chamado John, ocupava a única caixa que estava aberta naquele momento. Dirigi-me à caixa para pagar. Já tinha observado o dito John, a atender outros clientes, e tinha ficado com a ideia de que a lentidão reinava por ali. Mas também não tinha grandes hipóteses. Levava apenas uma peça de roupa.
O John cumprimenta-me de forma simpática. Sorri. Agarra na peça que coloquei em cima do balcão e começa a saga!
Primeiro procura vagarosamente o alarme do casaco. Não está perto dos bolsos, não está na gola. Não está no cinto. Olha para mim. Sorri. Continua a procurar. Está na manga esquerda, perto do punho. Tira o alarme. Durante o processo amarrota bem o casaco. Depois agarra-o pela zona do colarinho e começa a dobra-lo. E casaco para a direita. E casaco para a esquerda. Manga para cima, manga para baixo... Está difícil. Muito difícil. Estou quase a arrancar o casaco das mãos do John, mas detenho-me. Ele há-de safar-se. Passado alguns segundos, o casaco está dobrado. Falta agora o saco. E abrir o saco. E conseguir por o casaco dentro do saco. Mas depois o casaco desdobra-se. Recomeçamos tudo... Manga para a direita, dobra para a esquerda. Agora com muito cuidado lá se consegue colocar o casaco no saco. Finalmente!

Momentos de desespero para quem está do lado de cá do balcão. É um fenómeno recorrente, apesar de tudo. Ora, é lógico pensar que em dias de muita enchente se chegue a um ponto em que parece faltar energia para tudo. Até para ouvir os clientes. Mas num dia calmo, sem gente à espera. É estranho. É um facto que há pessoas simplesmente mais lentas. Mas tão lentas?

O atendimento ao público é sempre complexo. Ser atendido também nem sempre é fácil. São duas personalidades diferentes, com apetites, vontades e humores diferentes! Há funcionários pouco eficientes, chatos, carrancudos, antipáticos, simpáticos, rápidos, agradáveis e "neutros". De longe, o que mais me aborrece, enquanto cliente, é a lentidão. Antipáticos ainda é tolerável, desde que haja eficiência e rapidez. No fundo, quando procuro um determinado serviço espero que ele seja bem prestado e o mais rapidamente possível.

Mas, se todos somos clientes e se quase todos esperamos o mesmo de quem nos atende, porque é que tantas vezes há gente que foge ao esperado?

sábado, 4 de outubro de 2008

Queixas!

Passamos a vida a queixar-nos de tudo. Está demasiado quente, ou frio; é demasiado gordo, ou magro; é aborrecido, ou é light; está demasiado contente, ou demasiado deprimido; é demasiado caro, ou muito barato! E assim sucessivamente...

Na vida lidamos com muitas pessoas e realidades, e somos afectados pelas personalidades, atitudes e características destas, o difícil é, por vezes, saber lidar com tanta heterogeneidade. O eterno problema do que esperamos dos outros e do que os outros esperam, legitimamente ou não, de nós. Muitas vezes, demasiadas vezes, são realidades não coincidentes. E depois queixamo-nos. Discutimos. Exigimos. Mas teremos legitimidade para o fazer? Também no lo fazem. Mas haverá legitimidade para o fazer, em geral?

À primeira vista poderá dizer-se que não. Não podemos cobrar dos outros coisas, que nem nós próprios estamos certos de querer ou ser capazes de fazer, se estivéssemos na situação em questão. Mas é sempre mais fácil exigi-lo aos outros! Poderíamos ser mais justos e mais compreensivos em inúmeras situações.
No entanto, se não buscássemos todos pela nossa própria satisfação, em ultima instancia, por vezes quase de forma egoísta, provavelmente o mundo não existiria como o conhecemos. Estaria em inacção. O acto passaria a ser o não-acto. De facto, tal como refere Adam Smith na sua Teoria da Mão Invisível (de cariz essencialmente económico, mas de aplicação mais lata), na prossecução egoísta do seu interesse individual, o homem contribui positivamente para o bem social, na maioria dos casos. Em suma, da luta individual surge o equilíbrio colectivo.

Assim, deveremos provavelmente ponderar o nosso nível de exigência para com os outros, mas, na verdade, não deveremos (nem conseguiríamos) aboli-lo!